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terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Eu adoro uma encrenca


Mulher adora uma encrenca.
Encontrei minha melhor amiga e de longe vi você, destacado no meio da multidão. Dois beijinhos no rosto e aquela constatação que todo mundo faz. Seguimos para o nosso destino.
Não teríamos outra oportunidade, era ali e pronto. Sem tchau nem bilhete.
Dei uma olhada em volta, pensei quanto tempo levaria para fugir, caso a menina do coração gigante tomasse conta de mim, de vez. E me sentei. Tudo começou, eu te olhava meio orgulhosa de te conhecer e meio com vergonha de estar ali, eu nunca tinha feito isso. Eu odiava quem fazia isso. E eu sabia que ia fazer.
E fui eu quem fiz, tomada pela maior quantidade de piriguetismo que já vivi, deixei clara minhas intenções. Consegui o que eu imaginava a tanto tempo. E gostei do que aconteceu : mais uma vez, eu conseguia o cara que eu queria, acima de qualquer situação.
Uma adolescente cheia de traumas quanto a sua aparência, quando se torna uma jovem bonita, é um grande perigo.
Eu fechava os olhos e via todas as minhas amigas gritando na minha cara : Não faça isso, vá embora, ainda dá tempo.
Mas não fui.
Claustrofobiquei umas 5 vezes, mas não deixei você notar, para você, eu sou só uma menina normal.
Mas ai, você estragou tudo, você ficou fofo, não era o que eu esperava. A gente ficou junto, de namoradinho, no meio de todo mundo. Eu não me aguentei.
Me trata mal, cara. Fala alguma besteira no meu ouvido.
Saímos no meio daquela multidão e você fez a única coisa que não podia ter feito, você me deu a mão. Pelo amor de Deus, você não sabe o que dar a mão e andar junto no claro significa pra mim.
Homens bonitos e interessantes mexem comigo. Minha carne é fraca.
Meia hora de insanidade foram suficientes para eu resolver o que eu iria fazer dali em diante. Em meio ao teu convite, o destino gritou SIM e eu me vi indo ao teu encontro mais uma vez.
Passei na casa de uma grande amiga, contei meu drama e ela me aconselhou : vive, isso não vai mudar nada entre eles. Eu fui.
Você veio lindo ao meu encontro, a cidade dormia e a gente ria engraçado no meu bairro favorito da cidade que você ia deixar dali dois dias. O porteiro foi fofo e eu me senti menos pior. Subimos.
Não foi nada parecido com ''Meu nome é Adriana e eu faço o que você quiser.''. Não tinha nada de surfistinha nesse dia. Era eu, mulher, decidida e a espécie mais odiada por todas as namoradas : a gostosinha fatal. Eu faria o que eu quisesse, sem pudores, sem limites, sem futuro.
'' Esse aqui é o meu quarto até quarta''
Eu avisei que não havia muito tempo e tudo começou, meus medos, um por um, me olhavam e incrédulos esperavam que a gente terminasse, sentados no pé da sua cama.
Roupas e pudores no chão, beijos nas costas, meia luz, melhor do que eu esperava. Mas ainda assim, eu me comparava a ela, que eu nem conheço. E me comparava a mim, que eu antes conhecia.
A luz foi acesa, a gente ficou um tempo conversando bobagens, como dois amigos que acabaram de fazer uma besteira. Eu juntei minhas roupas e fui embora.
Dei tchau pro porteiro fofo e você riu, dizendo que ele sabia o que a gente havia feito porque entrei arrumada e sai descabelada e feliz. Eu gostei que ele soubesse.
Soltei algumas das minhas frases bomba e você me confessou ali, quem você era, eu aceitando ou não.
A gente se despediu pra sempre e minha amiga, a única que não gritava para eu parar, quando a gente se beijava, me deu colo. Eu tinha crescido de vez.
Pela primeira vez na vida, não olhei para trás.
Alguns dias depois, você foi para o seu sonho e eu percebi que a gente nunca voltaria a se falar. E fiquei feliz com isso, mesmo que ainda me cutuque com um tal ciume, o teu sorriso feliz ao lado da sua dona, mas não te quero para mim.


Eu também sei ser má.