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quarta-feira, 24 de junho de 2020

Esse texto é sobre mim

Eu estava andando no meu bairro favorito, da minha cidade favorita e tinha um sujeito disposto a fazer do meu dia feliz. E isso era tudo que a menina de 16 anos que fui e para quem prometi felicidade queria. Mas eu não sentia nada. Teve um outro sujeito que foi a redenção da minha tristeza no maior fim da minha vida, que queria abraçar meus parafusos soltos e me dar a mão. E eu não senti nada. Então o mais maluco, improvável e inesperado aconteceu, ele que foi o homem por quem eu escrevi esse blog inteiro, que revirou minhas entranhas, me fez conhecer a paixão, ele que sempre é alguém que eu quero impressionar, me respondeu com risada e afeto. E pela primeira vez em 10 anos, eu não senti nada. 
Talvez a impossibilidade do encontro tenha exacerbado as coisas. Talvez um dia bom seja uma pessoa. Mas o fato é: eu te senti demais e definitivamente você me tocou sem precisar me tocar. Mas esse texto é sobre mim e sobre o fato deu estar na busca e por isso já ser melhor do que eu supus. Eu te ceguei com todas minhas luzes mas também me ceguei esquecendo de tudo e ficando pequenininha. Esquecendo que sou forte e imensa. Esquecendo que sou capaz. 
O seu interesse foi embora com medo de que eu me quebrasse em mil pedaços quando você não quisesse mais. O que você não sabia é que eu me quebrei porque duvidei sozinha da minha capacidade de aceitar que você chegasse e quisesse ficar.
Eu me fingi de frágil e você ficou com medo da minha dor, sendo que não consegui te dizer que eu já morri e renasci diversas vezes, por coisas maiores e mais pontuais do que uma separação.
Eu sofri a rejeição das pessoas que eu mais admirei e que foram meu porto seguro, mas levantei da cama, peguei minhas coisas e passei a tarde tomando sol no meu lugar favorito. 
Eu sou amiga da rejeição, eu virei íntima do medo. Mas você me lembrou que eu não me abandono mais. E era isso, eu aprendi a só entregar pra quem merece e você, mesmo sem querer, merecia. Por que eu te admiro e isso é tudo. Mesmo sendo loucura porque eu ainda conheço pouco. Eu queria que o seu coração pudesse convencer o seu cérebro. Eu queria me apaixonar para descobrir o que acontece  quando amamos alguém ao mesmo tempo que nos amamos. Que eu mereço gostar só de quem admiro. Eu não quero ser sua amiga porque eu tenho muitos amigos e eu não tenho vontade de arrancar a roupa de nenhum deles enquanto imagino o cheiro, nenhum dos meus amigos faz o meu desejo parecer metáfora de um samba bem tocado. 
Mas nunca vou te falar nada disso porque eu sou forte e quando alguém quer ir, agora eu abro a porta.
Me sinto pronta para minha versão que vai se lembrar desse não-encontro por muito tempo, torcendo para alguém que me faça sentir vontade de escrever uma carta apareça de novo. E que dessa vez eu saiba esperar para escrever e não cegar ninguém nem fingir que sou frágil para sentir verdade. Eu te queria muito, queria que você quisesse receber meu afeto mas não há espaço para dúvidas e lamentações quando eu sei que mereço alguém disposto. 
Que me interesse sempre a vida e meus afetos. Que mesmo que efémeros meus encontros com pessoas que mexam com minhas certezas de certo ou errado, nunca me façam duvidar que eu estou na busca. 
Que o carinho que você me ajudou a construir com seu sorriso, inunde toda sua vida.
Que eu nunca mais faça alguém duvidar que eu sou forte pra caramba. É o que eu mereço.
Sinto sua falta, mais do que do que inventei.