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terça-feira, 6 de março de 2018

Sabático

Hoje alguém me perguntou se eu acredito no amor, respondi que acredito. No amor de Deus, que eu senti e entendi a pouco tempo. No amor da minha mãe que acha que me proteger das coisas do mundo é a maneira certa de me amar e se assusta junto comigo, ao lembrar que vou fazer 25. Acredito no amor do meu pai, que investe tudo que pode para eu ser quem ele não foi. Acredito no amor que eu sinto quando uma amiga querida me diz o que eu preciso ouvir na hora certa ou caí na gargalhada comigo. Acredito no amor que meu cachorro sente quando me vê chorar e olha fixamente para mim como quem diz ''estou aqui''. Acreditar no amor é automático para mim. "Se você tem medo do amor, vai ter coragem do que?"
Mas, talvez como uma das coisas mais tristes que já assumi para mim, não acredito mais no amor romântico. Acredito em paixões, como as tantas que já vivi e quero ainda viver. Acredito em pessoas honestas e boas, acredito em cumplicidade e afinidade. Mas em amor da vida não. Acredito em lindas histórias de paixões que se transformam em carinho e amizade. Mas o para sempre muda, as pessoas mudam e as vezes só resta a vontade de partir. Acredito em casamentos por afinidade e prazer de companhia, mas não mais no sentimento puro de querer passar o resto da vida ao lado de alguém.
Acredito em histórias lindas ao lado de pessoas e em morrer na vida dos outros.
Sinto que dia após dia crio um muro em volta de mim. Não me interesso por ninguém por mais de 3 dias com coragem para me envolver. Virei a pessoa que some. E essa é a coisa mais triste que já fizeram comigo.
Não carrego mágoas por tantas palavras ou atitudes sem consideração. Mas fico triste ao lembrar que nunca mais vou confiar no salto de novo. Nunca mais confiar em alguém todos os meus segredos e pensamentos.
A tentação de dividir nos ombros de alguém o peso de ser quem se é. Meu maior erro: não descobrir, amar e respeitar quem eu sou antes de amar e respeitar quem o outro é.
E sigo aprendendo.