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terça-feira, 10 de junho de 2014

A minha



Ontem um menininho me chamou de "prifessora" e perguntou se eu podia entrar com ele na cama elástica pra gente batalhar. Mais tarde uma menina de 4 anos me disse que a gente tem que gostar de um monte de coisa e que o que ela mais gostava era de ir embora.
Os maiores questionamentos da minha vida são relacionados as crianças e essa conexão mental que elas tem comigo. Estar trabalhando perto delas é diversão, aprendizado e carinho.
Com tão poucas palavras se entende o universo de uma criança. E de quem a cria. Logo percebo quem tem um pai mandão ou super protetor. Mostro um filhotinho subindo na mãe lá na lagoa pra gordinha e ela logo diz quantas doenças a capivara trás. Antes tinha me dito que não podia nadar porque gripava e que não ficava descalça porque tinha alergia a grama. Os pais me elogiam pela graça com as crianças e até me dão agrados. Trabalhar com elas é difícil, mas faz um bem danado.
Penso na Clarice, tão sonhada por dias e que ignora  meu medo de ser mãe. Clarice ainda não nasceu mas já existe. Clarice é parte de mim e eu sou ela. Clarice é minha amiga e me olha com reprovação quando eu brigo com minha mãe. Clarice me abraça e diz que perdoa quando eu piro. Clarice ainda não sabe se vai nascer mas já me ama. Ela me explica os medos da minha mãe e suas dores, me faz lembrar que também vou errar com ela e que até já teria errado, pelo amor.
Clarice cresce dentro do coração porque ainda não pode crescer na minha barriga.
Olho para os bebês que os pais me entregam, no trabalho e vejo Clarice.

Ela sabe de tantos medos e que sou um tanto maluca, mas ainda quer ser gerada em mim. E eu, meio do meu jeito torto, faço tudo com amor na minha vida porque sei que um dia, esteja ele longe ou perto, vou ser a mãe dela.