Páginas

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Um perdão (pra mim)





Passei muito tempo da minha vida querendo, desejando e pedindo por coisas que eu nem sei como são.
Estraguei todas as lembranças do maior paixão (e talvez amor... era amor, acho que era, devia ser.) da minha adolescência porque fui infantil, estúpida e imatura. Tento ainda me perdoar por isso e quando penso nos erros, me dói. Dói por já ter sido um passado de boas lembranças e hoje ser só um arrependimento dele, ter passado o tempo comigo. Eu queria muito que eu e ele pudéssemos nos falar pois não importa os bilhões de anos e mancadas, ele sempre vai ser quem me ensinou a maior lição da minha vida : ele me ensinou a ser mulher.  
Me arrependo por ter sido imatura com ele mas a gente muda a cada dia e eu tento me perdoar calando a boca.
Por isso, mesmo depois de todos os motivos que você me dá para que eu simplesmente despreze você e aqueles dias, resolvi te escrever - não pra te xingar como sua pretensão esperava - mas pra salvar em mim uns dias bons. E pra quando, um dia, você olhar pra trás, não sinta o que eu sinto pelo meu ex-grande-amor. (não que eu tenha sido um grande amor pra você, mas você entendeu, né ?)
Foi mau, ontem. Fui mau, também. Menos com você e mais comigo mesma.
Joguei sobre você tantos medos, tanta coisa travada, tanto medo de rejeição, tanta dor. Difícil explicar. Muitas coisas duras por dentro. Farpas. Uma pressa, uma urgência.
Não te peço perdão e nem desculpas, pois eu não precisava mesmo ouvir metade dos desaforos que me disse, mas faço um esforço sobre-humano e não te odeio por eles.
Eu gostei de você, não te amei como amei o outro, mas gostei. Talvez se tivéssemos tido tempo, teria sido maior do que com ele. Melhor pra mim que não tenha sido. Amor unilateral somente uma vez na vida é suficiente.
Essa história de confusão e tristeza não é nem por nossa causa, eu nem sei quem a gente era. Eu me assustei com quem fui pra você, fui menina, ingênua e quase pura, como quando eu tinha 16 anos e conheci o outro, coisa que eu achava que não poderia ser mais. Me custou algumas lágrimas mas hoje me faz feliz porque quando for pra pessoa certa, eu ainda sei ser amor.
Eu detesto odiar as pessoas e não quero nutrir isso por você, mesmo as vezes te odiando por suspeitar que eu fosse capaz de tamanhas idiotices. Mas você não me conhece, eu não conheço você.
Te escrevo por absoluta necessidade. Não conseguiria dormir outra vez se não te escrevesse pois você sabe do meu pavor em fazer mal aos outros. Eu não sou ruim.
Não há nenhum subtexto nisto que te escrevo. Não acho bonito que a gente se disperse assim, só isso. Encontre, desencontre e nada mais, nunca mais, não quero mais - Acho que você talvez demore muito a um dia voltar nesse lugar pra saber de mim, se um dia voltar. Não espero resposta. E com quase certeza, nem as quero.
Não quero me tornar uma pessoa pesada, frustrada, amarga. Não vou me tornar assim.
Quando tudo se deu, quando você mandou aquele texto, eu não fiquei com raiva não, eu só me prometi não ouvir mais palavras bonitas de ninguém, mas não funcionou. O amor me move e me trai.
Me prometi e me traí, já existe uma nova possibilidade de amor. E o mais louco é que eu não temo que ele faça do meu carinho o mesmo que você. E ele é louco.
Não sei se teria doído menos se você tivesse, como eu queria, acolhido a minha dor, talvez eu tivesse me afogado num rio de esperanças, talvez a gente virasse dois grandes amigos. Não sei. Eu tenho medo que as pessoas sofram por minha causa, é só isso.
De repente me passa pela cabeça que você deve estar detestando tudo isso e achando longo e choroso e confuso. Mas eu não quero ter vergonha de nada que eu seja capaz de sentir. E dane-se, doa a quem doer, lembra ?
Mas de tudo isso, me ficaram coisas tão boas, juro. Uma lembrança boa de você, uma vontade de cuidar melhor de mim, de ser melhor para mim e para os outros. De não morrer, de não sufocar, de continuar sentindo encantamento por alguma outra pessoa, que seja esse agora ou outro que o futuro trará porque sempre traz, e então não repetir nenhum comportamento. Ser novo. Ou fazer tudo exatamente igual e dessa vez dar certo.
E eu acho que é por isso que te escrevo para cuidar de mim - para não querer, violentamente não querer de maneira alguma ficar na sua memória, seu coração, sua cabeça, como uma sombra escura. Perdoe a minha precariedade e as minhas tentativas inábeis. Me queira bem.
Estou te querendo muito bem neste minuto.
Fique feliz, fique bem feliz, fique bem claro, queira ser feliz.


A única coisa que vale a pena, no fim de tudo, é o amor. Ame, sempre, ame em cada pedacinho que a vida te der oportunidade para amar.
Se não valeu, pelo menos ficou de aprendizado.

Um beijo e te guardo na gaveta da memória boa, apago as lágrimas e esqueço (ou tento) o que foi ruim.
E digo : estou prontíssima para um novo possível amor.

Que venha !


 " Faço de mim, casa de sentimentos bons, onde a má fé não faz morada e a maldade não se cria. (...)
Observo a mim mesmo em silêncio, porque é nele onde mais e melhor se diz. Me ensino a ser mais tolerante, não julgar ninguém e com isso ser mais feliz. Sendo aquele que sempre traz amor, sendo aquele que sempre traz sorrisos. E permanecendo tranquilo aonde for paciente, confiante, intuitivo."

*Obrigada CFA
*Obrigada Forfun.