Páginas

sábado, 31 de outubro de 2015

dú.vi.da

Será que o barulho de um silêncio vai destruir o meu amor?

terça-feira, 29 de setembro de 2015

fome da madrugada

Que loucura é a vida. Hoje tem, amanhã não tem, depois tem de novo. Aos quase vinte e dois anos já tive muitas certezas abaladas, já fui muito feliz e loucamente triste. Queria ter um controle remoto para a vida, talvez eu voltasse a escrever aqui.
A vida periodicamente me dá umas chances.
Amanhã vou operar, estou com um pouco de medo, mas tenho mil medos mil vezes piores que morrer.
Só tenho medo de morrer de verdade pela minha mãe e porque ainda quero fazer muita coisa na vida.
Quando a gente morre só muda muito a vida da mãe e do pai, o resto uma hora acostuma (e tem mais que acostumar mesmo.)

Espero poder ser feliz. de novo.

quinta-feira, 19 de março de 2015

Aos 11


Ei menina, tira esse medo do coração. Não liga se alguém te chamar de feia e desengonçada. Cuida mais do seu cachorro, coloca nele a coleira contra leishmaniose porque ele pode morrer quando você fizer 16. Abraça muito a vo enquanto dá.
Com 12 você vai ser madrinha de um carinha lindo.
Se preocupa menos com ''amigos'' e mais em aprender matemática.
Fica calma, o mar está esperando você. Não desmaia no banheiro da escola, não desmaia na academia de ballet. Aliás, volta logo pro ballet mas não larga o colégio por ele. Não larga o colégio por nada.
Ame, mas não dê vexame, acredita em mim.
Beije muito mas seja mais seletiva. Vá a festa de 15 anos da Bruninha e fique até o amanhecer nas que eu também fui. Curta mais a sua festa de 15 anos.
Aproveite mais, mas não endureça.
Estude mais, aprenda tudo, hoje eu tenho que voltar pro cursinho porque você é preguiçosa.
Aproveite mais sua família, faça mais amigos.
Não tenha medo de desmaiar no onibus, você vai desmaiar aos 21 mas com um cara incrível do lado pra te cuidar.


Aproveite cada dia, porque você é saudosista. Se lembra que eu te amo e muita gente também.
Relaxa menina, nada é ruim para sempre.



terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Entranhas



Repensei esse tema de texto por tantas vezes, que pra mim é o mais delicado, o mais confuso, o mais doloroso e o mais difícil: minha mãe.
Somos seres muito diferentes e assustadoramente iguais. Nossa história é simples: minha mãe não queria filhos, era amante das viagens, dos bares, do carnaval. Mas eu nasci. E por mais que nunca tivesse me feito crueldades semelhantes as que vemos nos jornais, cresci carente. Carente de momentos mãe e filha, carente de alguns elogios, de algumas defesas. Minha mãe era como eu hoje: despreparada e mais focada em seus medos. Não a culpo, não aqui, aonde escrevo pra uma futura filha e pra 2.880 pessoas (como isso aconteceu?) talvez em nossas brigas semanais, em que trocamos ofensas, gritos e ela se fecha, me ignora. Eu me sinto culpada, e sou. Mas nosso relacionamento vai além disso. Somos próximas, ela e meu pai são a única família que tenho, fora duas tias. É difícil me imaginar sem minha mãe, tão difícil que chega a me paralisar.
Ela é simplesmente minha mãe em alguns dias. Nas minha dores e medos. Um dia, infantil e imatura, descobri os medos da minha mãe e comecei, sem saber, a usar todos contra ela. Foi o que a terapeuta disse.
Fazer terapia é remexer as feridas mais obscuras.
Mãe, me perdoa por ser você. Me perdoa por ser difícil. Me perdoa por não conseguir me desligar. Por estar sempre lá.


Eu te amo, mãe.