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quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Cheguei aqui





Estou dentro de um ônibus sozinha. São onze da noite e estou voltando de mais um dia de faculdade onde aos trancos e barrancos cheguei a mais da metade.
A menina de 15 anos que escrevia aqui não pensava muito nisso. Queria casar, ter 3 filhos e conhecer o mar.
Semana passada fiz aniversário e não me lembro exatamente onde sonhava em estar quando olho para trás e lembro da minha vida na infância e adolescência. Sei que tive muitos medos e dia após dia luto comigo para destruir um por um. Mas alguns ainda são parte de quem sou. 
Mas hoje sou muito por mim e aprendi - e aprendo - isso de uma forma difícil e boa, se é que isso existe.
Pela primeira vez desde os meus 14 anos passei meu dia sem ninguém, romanticamente falando. E foi lindo, cheio de amor e certeza de que viver vale a pena.
Conheci alguns caras por aí mas ninguém me trouxe a plena certeza de que vale a pena me entregar de novo. Mesmo que de alguns deles eu gostasse de ganhar bom dia.
Sei o que mereço e quero e acho que atingi a tranquilidade suficiente de abrir mão disso algumas vezes no mês pelo melhor sexo da minha vida. Mas isso é papo pra outra hora.
Conheci um desses caras na situação mais "comédia romântica" do mundo mas consegui recuar quando percebi novos velhos olhares.
Não busco desesperadamente viver um amor porque tenho medo de abrir mão de quem eu conquistei ser para viver isso.
Minha vida não mudou muito, ainda sinto muita preguiça, sonho com a praia, deixo pra última hora e gosto de farra. Mas não me culpo mais.
O futuro do Brasil me assusta mas hoje consigo colocar meu coração no colo e dizer com convicção a frase que coloquei no meu convite de debutante: "eu sempre sonhei com o meu futuro completamente diferente de hoje. Mas vejo que o que vivo agora é bem melhor do que havia sonhado."

Eu sou tudo aquilo ao que sobrevivi.
Assim seja