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terça-feira, 17 de julho de 2018

Tempo


Quando tudo se deu, nos meus momentos de dor e desespero e na certeza de que nada arrancaria do meu peito a dor devastante de perder um amor, em todos esses momentos, minha única pergunta era: "quanto tempo vou levar para esquecer?" Se passaram 24 dias até que eu descobrisse a verdade, 31 dias para que eu beijasse outra pessoa e 3 meses para que eu parasse de sonhar toda noite. 5 meses, uma viagem, a loucura do carnaval e muita vontade para deixar outro cara me ver nua. Foram necessários 6 meses para que eu parasse de me pegar chorando e falando umas verdades olhando para as coisas que ele me escreveu. Nesse tempo, apelei para reza, psicóloga, muitas e muitas vezes para meus amigos, para meus outros exs, para pessoas que eu não conhecia, para choros convulsivos. Falei para ele umas coisas entaladas uma vez e ganhei a hostilidade de dois desconhecidos. Me decepcionei com alguns caras mas nada durou mais que dois dias. Procurei muitas vezes por notícias e o coração se aliviou por encontrar justamente o que eu esperava. Foi com 9 meses que eu percebi que tanto fazia e que me assustei por já não lembrar de detalhes estranhos durante os dias comuns. 
Ao mesmo tempo, ouvi 50 receitas, dancei por ai, flertei sem muito interesse, dei beijos ótimos e horríveis, ouvi de muita gente que ele era uma pessoa horrível e dei risada. Eu sou uma pessoa legal e isso basta. Foi ali pelos 5 meses, quando eu ainda tinha recaídas horríveis de não entender nada e sofrer por tudo, que ouvi que seriam necessários metade do tempo em que ficamos juntos para eu esquecer. Enlouqueci, 2 anos eram demais para eu ter medo de trombar, ter que lidar com indiretas desequilibradas, me odiar por ter perdoado, ter pavor de gente parecida, não me interessar o suficiente, não ver coragem no amor. Não precisou desse tempo todo, antes de um ano já consegui realmente não estar aí, não precisar repassar minha lista cada vez que sonhava, já não tenho medo de trombar com conhecidos e nem das pessoas que insistem em me dar notícias. E é tudo bem engraçado porque sei exatamente o quanto demorou para que eu chegasse aqui, onde ele fica fundido no esquecimento com tantos outros que jurei amar. Eterno é o fim. Levamos histórias para contar.
Foi ali pelo oitavo mês que eu entendi que não se ama genuinamente alguém que se quer mudar. E tudo bem que não nos tenhamos amado genuinamente, nos perdemos na falta de coragem de ser sozinhos. Tivemos cumplicidade e parceria até o ponto que era possível para nós. Aprendi a não me colocar tanto e nunca, nunca, nunca me depositar em alguém. Estou vivendo histórias malucas e não me deparo com a cara dele me botando medo vez ou outra. Já me lembrei o quanto me sentir desejada é incrível. Entendi que assim como eu, ele também vai levar milhares de coisas na mala de mão. Mesmo que não queira.
O amor sobrevive. Não para nós. Mas entre as milhares de histórias e pessoas e nos momentos em que temos certeza que dessa vez será diferente. E por mim, hoje, tudo bem.
Como um dia ele quis me dizer nas entrelinhas de uma música da banda que eu achava nossa, foi melhor que seguíssemos destinos contrários. Eu segui machucada, com cicatrizes, que não são aquelas que ele usou dando de arma para ela, mas segui inteira.
Com a certeza de que sou infinitamente mais forte do que pensei que era quando estava nos teus braços, que minha boca grande é dádiva e que se for menos do que para me sentir incrível, não quero.
As pessoas que me amam estavam certas, era necessário tempo para me curar. 
Eu quero hoje e sempre ser o motivo para que acreditem que a força e o amor existem. O antídoto é feito do próprio veneno. Quero dançar com a vida sem medo de que ela pise nos meus pés, porque por mais incrível e maluco que pareça, tudo isso me fez entender que eu gosto muito de mim quando consigo.

Que seu caminho seja tão longo quanto o meu.
 

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Se você tem medo do amor, você tem coragem do quê ?

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